Já ouviu isso?
Eu sou tão patético. Sou clichê.
(não importa como me vista, me comporte, sempre vão perceber que não sou capaz
de fazer diferença).
Eu sou uma daquelas pessoas que
está tão desesperada para superar meu próprio sentimento de que falta algo, que
acabo criando obstáculos gigantes para superar, ou algum grande feito para
atingir, só para sentir que assim eu poderia valer alguma coisa.
Eu sou over em tudo que faço!
Tão desesperado para me sentir bem sobre quem eu sou - de certa forma,
não tão capaz como as outras pessoas – sempre tentando alcançar o impossível -
só para mostrar ao mundo inteiro, sem sombra de dúvida, que sou suficiente.
Mas sabe qual a grande ironia
desse tipo de pensamento? É que quando estamos
fazendo isso o único ser que estamos realmente tentando agradar somos nós mesmos. Existe
um medo enorme de não ser digno, então tentamos provar que SOMOS SIM, através
de nossas realizações.
E O PIOR... Não funciona. Todos podem ver o que estamos tentando fazer.
E O PIOR... Não funciona. Todos podem ver o que estamos tentando fazer.
Talvez isso seja parte do
crescimento pessoal, algo que temos que percorrer antes de começamos a perceber
as verdades mais profundas sobre a vida... nenhuma grande conquista irá
preencher qualquer buraco emocional. O desejo de alcançar algo melhor é bom, mas é bobagem fixar a autoestima nele.
A verdade é que não há verdade, cada um tem a sua, e se formos ouvir tudo
o que nos dizem vamos ficar perdidos, seguindo caminhos que não são nossos,
sonhos e vontades terceirizadas. Foi o que eu fiz. Fixei metas, lutei e
consegui o que eu buscava, ou melhor o que diziam que seria melhor, o que iria
me dar um futuro promissor...
Você acaba por se tornar um
escravo de seus objetivos e desejos. Um robô na engrenagem de uma máquina que
você mesmo criou. Eventualmente,
você começa a se perguntar: "Espera aí, eu pensei que independência
financeira era para me fazer livre. E feliz. Não é um escravo de mim mesmo.”
O pior que podia ter me acontecido na época em que eu mais rendia e todas
minhas metas estavam sendo alcançadas, foi ficar doente. Eu insistia e insistia
e meu corpo já não aguentava mais, então como eu não ouvia, ele resolveu gritar.
Cai de cama. E demorei para levantar.
Em minha viagem pela vida até
agora, eu experimentei três fases distintas, cada uma das quais me ensinou uma
lição importante.
Uma jornada de amadurecimento...
Apenas uma pequena fruta amadurecendo,
lidando com todos as intemperes de estar ali, exposta na grande árvore da vida.
Sol, chuva, ventos, às vezes tempestades e vários insetos tentando tirar o que
há de melhor e mais doce. Seu único
poder real é observar e absorver o mundo ao seu redor. Aceitando o bom e o
mau como experiências, muitas vezes sem saber ao certo dar um conceito a elas.
Simplesmente criando um lugar no mundo.
Muitas vezes me esforcei ao
máximo para ser o que eu já era, correndo atrás de objetivos bobos e irreais –
ser a melhor fruta da árvore! - No entanto, isso fez de mim uma observadora
passiva.
Só há um caminho – A queda
Chega um momento em que a fruta sabe
que é necessário se soltar da árvore, cair no solo e iniciar o processo de
decomposição de tudo aquilo que ela foi. A queda não é fácil, se soltar do
cômodo, do local em que nos sentimos protegidos, começar por si só. Inicia-se o
processo, desfazer de tudo o que não presta mais, descobrir o poder da auto
direção, entender que eu poderia mudar minhas crenças, hábitos e desejos
através do esforço. Eu poderia ensinar-me coisas, e dirigir a minha vida em
direção ao que acreditava.
Nesse momento ganhei um incrível,
mas equivocado senso de controle sobre o meu futuro, acreditando que poderia
controlar o meu destino. Uma luta constante para transformar letargia em
energia, a raiva no desejo, tédio em entusiasmo. O que não percebi é que era
escrava dos hábitos e crenças. Correndo para atingir as metas que acreditava
que iriam me fazer digna. Eu nunca seria suficiente.
Acordar para renascer
Após se livrar de toda a polpa,
que de nada servia mais, resta apenas a semente. Pronta para recomeçar,
deixar-se render à terra, aceitando tudo que ela tem a oferecer. Germinar,
crescer e virar uma nova árvore; recomeçar. Suave, sem necessidade de plateias,
apenas sendo o que nasceu para ser – árvore.
Acordar envolve descobrir que não preciso mudar quem sou; sou suficiente, assim como sou. Talvez o excesso de metas só sejam uma maneira de evitar as verdadeiras
mudanças que precisava fazer. Isso não significa que é ruim ter metas e
ir atrás da mudança, mas que devemos fazer o que tem que ser feito, sem
qualquer apego a um resultado em particular. E é isso aí,
simplesmente agir.
Tenho aprendido a não me cobrar
tanto, entendi que a vida é um processo – como a queda da fruta – e que não
preciso alcançar objetivos estrondosos, ser admirada para me sentir digna ou
completa. Eu já não sinto obrigação mudar, o que significa que já não me sinto
culpada por estar me sentindo mal-humorada, triste, ou preguiçosa algumas vezes,
eu abraço isso e me dou uma pausa em vez de me dizer que estou errada em me
sentir como me sinto. Você começa a gostar de si mesmo, quando começa a
conhecer a si mesmo, e então descobre que na verdade, você foi muito legal
o tempo todo, dando o melhor de si.
O acordar começa quando percebemos que não precisamos alcançar algo específico para ser digno, feliz e estar
em paz.
Fiquem bem!
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